segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Violência - provocação muito boa!

ENTREVISTA DA 2ª - MASSIMO PAVARINI

Punir mais só piora crime e agrava a insegurança

Castigo mais duro, herança dos EUA de Reagan, transforma criminoso leve em profissional, diz professor de Bolonha"É UM PECADO , uma ideia louca" a noção de que penas maiores de prisão aumentem a segurança. "Acontece o contrário. Penas maiores produzem mais insegurança", diz o italiano Massimo Pavarini, 62, professor da Universidade de Bolonha e considerado um dos maiores penalistas da Europa. Ele dá um exemplo: "Quanto mais se castiga um criminoso leve, mais profissional ele será quando voltar ao crime".


O pesquisador Massimo Pavarini, em São PauloMARIO CESAR CARVALHODA REPORTAGEM LOCAL Ligado ao pensamento de esquerda, Massimo Pavarini diz que essa ideia de punir mais teve como origem os EUA de Ronald Reagan, nos anos 80, e difundiu-se pelo mundo "como uma doença". A eleição de Barack Obama à Presidência dos EUA pode ser um sinal de que esse ideário se esgotou, acredita. Pavarini esteve em São Paulo na última semana para participar do congresso do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), onde deu a seguinte entrevista:
FOLHA - O sr. diz que o direito penal está em crise porque o discurso pró-punição está desacreditado e a ideia de ressocialização não funciona. O que fazer?MASSIMO PAVARINI - O cárcere parecia um invento bom no final de 1700, quando foi criado, mas hoje não demonstra mais êxito positivo. O que significa êxito positivo? Significa que o Estado moderno pode justificar a pena privativa de liberdade. Sempre se fala que o direito penal tem quatro finalidades:serve para educar, produzir medo, neutralizar os mais perigosos e tem uma função simbólica, no sentido de falar para as pessoas honestas o que é o bem, o que é o mal e castigar o mal.Após dois séculos de investigação, todas as pesquisas dizem que não temos provas de que a prisão efetivamente seja capaz de reabilitar. Isso acontece em todos os lugares do mundo.
FOLHA - O que fazer, então?PAVARINI - As prisões já não produzem suficientemente medo para limitar a criminalidade. Todos os criminólogos são céticos. O direito penal fracassou em todas as suas finalidades. Não conheço nenhum teórico otimista. Isso não significa que não possa haver alternativas. Há um movimento internacional em busca de penas alternativas. O que se imagina é que, se a prisão fracassou, a pena alternativa pode ter êxito punitivo. Há penas alternativas há três décadas e, se alguma pode surtir efeito, foi em algum momento específico, que não pode ser reproduzido em um lugar com história e recursos econômicos diferentes.
FOLHA - Numa conferência, o sr. disse que o Estado neoliberal, que começou na Inglaterra e nos EUA, não pensa mais em ressocializar o preso, mas em neutralizá-lo. Por que morreu a ideia de recuperar o preso?PAVARINI - Já se sabia que não dá para ressocializar o preso. O problema é outro. Existe uma obra bem famosa dos anos 70, chamada "Nothing Works" [nada funciona]. O livro foi escrito quando [Ronald] Reagan era governador da Califórnia [1967-1975]. Ele criou uma equipe de cientistas, de todas as cores políticas, e deu-lhes um montão de dinheiro. A pergunta era muito simples: você pode mostrar que o modelo de ressocialização dos presos tem um êxito positivo? Os cientistas pesquisaram muito e no final escreveram "nothing works". A prisão não funciona nos EUA, na Europa nem na América Latina. Nada funciona se você pensa que a prisão pode reabilitar. Não pode. O cárcere tem o papel de neutralizar seletivamente quem comete crimes.
FOLHA - Ele cumpre esse papel?PAVARINI - Pode cumprir. O problema é que a neutralização do inimigo, a forma como o neoliberal vê o delinquente, significa o fim do Estado de direito. O primeiro problema é que você não sabe quantos são os inimigos. Essa é a loucura.Os EUA prendem 2,75 milhões todos os dias. Mais de 5% da população vive nas prisões. São 750 presos por 100 mil habitantes. Há ainda os que cumprem penas alternativas. Esses são 5 milhões. Portanto, são 7,5 milhões na América os que estão penalmente controlados. Aqui no Brasil são 300 presos por 100 mil habitantes.
FOLHA - Há teóricos que dizem que nos EUA as prisões se converteram em um sistema de controle social.PAVARINI - Sim, isso ocorre. O setor carcerário nos EUA é quase tão forte quanto as fábricas de armas. Muitas prisões são privadas. É um bom negócio. O paradoxo dos EUA é que em 75, quando Reagan começa a buscar a Presidência, os EUA tinham 100 presos por 100 mil habitantes. Após 30 anos, a taxa multiplicou-se por oito. Os EUA não tinham uma tradição de prender muito. Prendiam menos do que a Inglaterra.
FOLHA - O senso comum diz que os presos crescem exponencialmente porque aumentou a violência.PAVARINI - Isso é muito complicado. Se a pergunta é "existe uma relação direta entre aumento da criminalidade e aumento da população presa?", qualquer criminólogo do mundo, eu creio, vai dizer não. Os EUA não têm uma criminalidade brutal. Ela é comparável à criminalidade europeia. Eles têm um problema específico: o número elevado de casas com armas de fogo curtas. Um assalto vira homicídio.
FOLHA - Por que prendem tanto?PAVARINI - Os EUA prendem não tanto pelo crime, mas por medo social. Essa é a questão. A origem do medo social é bastante complexa, mas para mim tem uma relação mais forte com a crise do Estado de bem-estar social do que com o aumento da criminalidade. É um problema de inclusão social. Os neoliberais dizem que não dá para incluir todas as pessoas que não têm trabalho, os inválidos, os que estão fora do mercado. Os criminosos são os primeiros dessa categoria. Uma regra que ajudou a aumentar a população carcerária foi retirada do beisebol: três faltas e você está fora. Em direito penal isso significa que após três delitos, que podem ser pequenos, você está preso. Você está fora porque não temos paciência para tratá-lo. Vamos eliminá-lo.
FOLHA - Eliminar é o papel principal das prisões, então?PAVARINI - É um dos papéis. O direito penal é cada vez mais duro, as sentenças são mais longas, "life sentence" [prisão perpétua] é mais frequente, aplica-se a pena de morte.
FOLHA - Como essa ideia neoliberal funciona onde há muita exclusão?PAVARINI - Vou dizer algo que parece piada: quando os EUA dizem uma coisa, essa coisa é muito importante. Podem ser coisas brutais, grosseiras, mas quem diz são os EUA. Como imaginar que na Itália e na França, que têm ótimos vinhos, os jovens preferem Coca-Cola?Não se entende. É o poder dos EUA que explica isso. A ideia de como castigar, porque castigar e quem castigar faz parte de uma visão de mundo. Se a América tem essa visão de mundo, isso se reproduz no mundo.
FOLHA - É por essa razão que cresce o número de presos no mundo?PAVARINI - Isso é um absurdo.Dos 180 e poucos países do mundo, não passam de 10, 15 os que têm reduzido o número de presos. Na Itália, temos 100 presos por 100 mil habitantes.Há 30 anos, porém, eram 25 por 100 mil. Aumentou quatro vezes em três décadas. Isso acontece na Ásia, na África, em países que não se pode comparar com os EUA e a Europa.Creio que é uma onda do pensamento neoliberal, que se converte em políticas de direito penal mais severo. É engraçado que os EUA, nos anos 50 e 60, eram os mais progressistas em política penal, gastavam um montão de dinheiro com penas alternativas. Mas hoje as pessoas acham que o direito penal que castiga mais tem mais eficiência. Isso é desastroso. Nos EUA, o número de presos cresce também porque há um negócio penitenciário.
FOLHA - O que há de errado com esse tipo de negócio?PAVARINI - Os EUA têm cerca de 15% dos presos em cárceres privatizados. É uma ótima solução para a empresa que dirige a prisão. Ela sempre vai querer ter um montão de presos, é claro, para ganhar mais dinheiro, e isso nem sempre é a melhor política. É um negócio perverso.Os empresários financiam lobistas que vão difundir o medo.É um desastre. Mas pode ser que tudo isso mude. Obama parece ter uma visão oposta à dos neoliberais e já demonstra isso na saúde pública, um tema ligado à inclusão social. O difícil é que não há uma ideia suficientemente forte para se opor ao pensamento neoliberal sobre as penas. A esquerda não tem uma ideia para contrapor. Os políticos sabem que, se não têm um discurso duro contra o crime, eles perdem votos.
FOLHA - No Brasil, os políticos e a população defendem o aumento das penas. Penas maiores significam mais segurança?PAVARINI - Isso é um pecado, uma ideia louca, absurda. Acontece o contrário. Penas maiores produzem mais insegurança. É claro, um país não pode neutralizar todos os criminosos. Nos EUA, eles podem colocar na prisão o garoto que vende maconha. Prende por um, dois, cinco anos, e ele vai virar um criminoso profissional. Quanto mais se castiga um criminoso leve, mais profissional ele será quando voltar ao crime. Há mais de um século se diz que a prisão é a universidade do crime. É verdade. Mas, se um político diz "vamos buscar trabalho para esse garoto", ele não ganha nada.
FOLHA - No Estado de São Paulo, o mais rico do país, faltam 55 mil vagas nos presídios e as prisões são muito precárias. Por que um Estado rico tem presídios tão ruins?PAVARINI - Há uma regra econômica que diz que a prisão, em qualquer lugar do mundo, deve ter uma qualidade de sobrevivência inferior à pior qualidade de vida em liberdade. Como aqui há favelas, as prisões têm de ser piores do que as piores favelas. A prisão tem de oferecer uma diferenciação social entre o pobre bom e o pobre delinquente. Claro que São Paulo poderia oferecer um presídio que é uma universidade, mas isso seria intolerável. O presídio ruim tem função simbólica.
FOLHA - Em São Paulo, o número de presos cresce à razão de 6.000 por mês. Faz sentido construir um presídio novo por mês?PAVARINI - Mais cárceres significam mais presos. Se você tem mais presídios, você castiga mais. Por isso os países promovem moratórias, decidem não construir mais presídios.
FOLHA - Políticos dizem que mais presídios melhoram a segurança.PAVARINI - A única coisa que você pode dizer é que mais presídios significa mais população presa. Há milhões de pessoas que delinqúem diariamente, e os presos são uma minoria. O sistema penal é seletivo, não pode castigar todos. As pessoas dizem que o crime não compensa, mas o crime compensa muito. O sistema não tem eficiência para castigar todos.Quando você aumenta muito a população carcerária, algo precisa ser feito. Na Itália, há cada cada quatro, cinco anos há anistia. Entre os nórdicos, quando um juiz condena um preso, ele precisa saber a quantidade de vagas na prisão. Se não há vaga, outro preso precisa sair. O juiz indica quem sai. Porque é preciso responsabilizar o Poder Judiciário e a polícia pelos presídios. O cárcere tem de ser destinado aos mais perigosos. Uma prisão de merda custa 250 por dia na Itália. Não faz sentido usar algo tão caro para qualquer criminoso.

Marina - ótimo texto

MARINA SILVA

Caminhos para a segurança

TERMINOU ONTEM a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, após quatro dias de debates sobre segurança e cidadania. No Brasil, o enfrentamento do crime e da violência se resume, basicamente, a agravar as penas, criar novos tipos penais, construir mais prisões e aumentar os efetivos policiais. Tudo se passa como se as dinâmicas violentas e delituosas pudessem, de fato, retroceder frente à dissuasão da força e da pena. Mas o que ocorre é muito diferente: a punição, pelo Estado, alcança como regra apenas os responsáveis pelos delitos mais comuns à exclusão social.Após alguns anos sem liberdade, os encarcerados retornam ao convívio social. Uma parte significativa deles -cujas penas jamais foram individualizadas, a quem nunca se ofereceu a chance da profissionalização, sequer da alfabetização- terá adquirido habilidades e feito relações que os levam à reincidência agravada. Outra parte, mesmo disposta a não mais delinquir, terá poucas chances de inserção profissional, pelo estigma do cárcere, sendo como que empurrada à sobrevivência ilegal. Os presídios são, por isso mesmo, uma forma muito cara de, numa amarga ironia, tornar as pessoas piores e a sociedade mais insegura.Setores críticos à visão tradicional têm insistido que violência e crime são subprodutos de uma ordem social injusta. Daí deduzem ser preciso enfrentar as causas desses problemas a partir de mudanças sociais. Há uma verdade pela metade nesta ideia. A desigualdade social, de fato, tensiona a sociedade e estimula o crime, mas é apenas um dos fatores de risco para crime e violência.Se esses fenômenos são subprodutos da exclusão social, como explicar que só uma pequena parte dos mais pobres envereda pelo crime? E por que, na outra ponta, há também delinquentes entre os mais abastados? Penso que é necessário superar abordagens unilaterais. Nenhuma sociedade moderna pode subestimar a importância das polícias, nem deixar de responsabilizar os que violam a lei.Na democracia, as polícias são regradas pelo direito e seu êxito depende, sobretudo, do grau de proximidade e de confiança construído com a população. De outra parte, a sociedade deverá exigir do Estado políticas públicas fundadas em diagnósticos, orientadas não "para a ocorrência" -como se tornou comum no modelo reativo de policiamento-, mas por resultados. Sobretudo, será preciso que União, Estados e municípios assumam suas responsabilidades quanto à prevenção, colocando o foco nos fatores de risco para o crime e a violência. Não basta investir mais, é preciso investir melhor.

Reserva para o ladrão - Ricardo Melo

RICARDO MELO

Reserva para o ladrão
SÃO PAULO - Na manhã de sexta-feira passada, um bando roubou a residência de um secretário estadual de SP. Quem já foi assaltado em casa (como eu próprio e outros tantos milhões de brasileiros) sabe o tamanho da angústia de ficar sob a mira de revólveres enquanto criminosos fazem ameaças, invadem sua privacidade e vasculham seus pertences. Felizmente a autoridade em questão e sua família saíram ilesas.O episódio ganhou notoriedade não só pelo fato de ter alcançado um secretário de governo em região nobre da capital. Ao descrever a perda com o incidente, a vítima listou relógios, joias e dinheiro vivo, "aquela reserva que a gente já guarda em casa para o ladrão". O relato vale quase como uma aula de (in)segurança pública para os dias atuais.Notícias indicam que crimes como sequestros, arrastões e assaltos de residências estão em alta no Estado. Chama a atenção o fato de as ações se mostrarem cada vez mais planejadas, cometidas por bandos e não por criminosos isolados. Boletins de ocorrência informam que ladrões conheciam detalhes da rotina das famílias e do funcionamento de prédios e residências. Tudo parece dar razão aos que creditam a escalada da violência contra o patrimônio ao aumento da influência de facções organizadas.As mesmas estatísticas que apontam algum recuo em homicídios destacam, no entanto, a disparada de latrocínios (roubo seguido de morte): no primeiro semestre do ano, eles avançaram 79,3% na capital na comparação com 2008. Na opinião de um sociólogo entrevistado pela Folha, "o latrocínio é um roubo malsucedido". Traduzindo para a linguagem dos Jardins, algo como uma ocorrência em que não havia a "reserva para o ladrão".O que mais preocupa é perceber a reação dos responsáveis pelo combate à criminalidade no Estado. E aí se ouve o próprio secretário da Segurança Pública de SP reclamar da "absoluta inépcia e letargia da Polícia Civil". Para o bom contribuinte, meia palavra basta.

Violência

A cada dia escuto uma nova história. A última, uma amiga teve o carro baleado por um maluco na Vila Madalena, por nada, de graça.

Mais uma, lembrei que em minha bolsa assaltada estava uma caneta que meu pai me dera quando me formei. Valor sentimental. Já era, provalmente foi vendida por 20 ou trinta reais.

Adalberto

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Poesia que perdi no assalto

Mais um assalto

Mais uma vez assaltado

Levaram o Moleskini repleto

...................................................A carteira vazia

Cada verso que se perdeu naquelas mãos estúpidas

Não perdôo o canalha

Adalberto

Cena do dia




Pedestres na calçada e fumantes sentados na mureta.




Um dos pedestres diz aos fumantes que eles deveriam parar de fumar, pois faz mal para a saúde.




O fumante traga seu cigarro, depois de soltar a fumaça, lança um olhar de nojo que diz: o que você tem com isso?




Moralistas em excesso em uma sociedade de pouco bom senso, combinação explosiva.



Adalberto


Mais um/uma

A polícia do Sr. Governador Serra invade favelas. A polícia do Sr. Governador Serra invade universidades.

A polícia do Sr. Governador Serra diz que os índices de criminalidade estão caindo e vão continuar a cair, conforme consta em trecho da Nota explicativa do 2ª Trimestre de 2009, com relação às estatísticas de crimes na cidade de São Paulo :

"Desde março a polícia tem focado suas ações em todo o Estado no combate aos crimes contra o patrimônio. A polícia está na rua para impedir o roubo, furto e latrocínio. Os resultados já começam a aparecer."

Os meus "índices pessoais" e das pessoas que conheço indicam que os crimes contra o patrimônio aumentaram 200%.

Um governo de direita, como do Governador Serra, deveria primar pelo combate dos crimes contra o patrimônio, no mínimo, imagino.

Um Governo que visa regrar a sociedade de forma moralista e truculenta deve se preocupar com esse requisito primordial que qualquer dirigente de direita sempre respeitou.

Dessa forma, concluo que antes de pensar em sua campanha Presidencial, o Governador precisa definir melhor prioridades, pois, hoje em dia, na cidade de São Paulo, temos a seguinte situação:

a - O trânsito está caótico, mas temos guardas de trânsito em todas as esquinas multando (Kassabismo, herança do Governador Serra).

b - Não podemos mais fumar nem se divertir, mas o ladrões agem com plena tranqüilidade. Enquanto nos temos as nossas liberdades básicas tolidas, cada dia mais, seja pelo Estado, ou pela ausência dele.

Como conclusão, esperasse mais de um Governo de direita (Kassabismo/Serrismo) que se pretenda ao Planalto. O Governador não encontra-se preparado para deixar problemas tão graves sem solução, antes de entrar em campanha.

Ps. O prisma desse texto não é analisar se concordo com as escolhas feitas pelo Governador, já adianto que discordo, tentei apenas suscitar questionamentos sobre as falhas primárias desse Governo.

Adalberto

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Provocação corrosiva!

Nos últimos tempos, Sarney era um homem transtornado, perseguido, no dito popular, com a corda no pescoço.

Conseqüentemente, seus textos soavam sem sentido, em suas últimas colunas na Folha, eram citações em excesso, para um espaço tão curto. O texto não fluia, era entrecortado e desembocarra em duas sentenças finais contra aqueles que o perseguiam: imprensa, internet ou opositores políticos.

O Imortal parecia perdido. Apesar da gramática irretocável, as idéias pareciam confusas, pois nada tinha que haver as citações que ele fazia sobre política com a sua peseguição, ou com os motivos que o levam a se defender.

De qualquer forma, eram outros tempos. O grande Imortal está de volta! O grande estadista está de volta! Em um texto "maravilhoso" ele explica, de forma concisa, os motivos que fizeram suas denúncias/representações serem arquivadas.

Cita a Constituição, como base fundamental para julgamento dos parlamentares, mas depois pondera que o julgamento de políticos pelos próprios políticos não seria adequado, em decorrência do conceito constitucional de imparcialidade nos julgamentos.

Após o arquivamento, Sarney se sente a votade para falar como democrata (que não é). Para ele, o Conselho de Ética não seria imparcial. Assim, os julgamentos aconteceriam de acordo com os conchavos políticos e não com base nos fatos.

Vejam bem. Sarney critíca o tribunal que arquivou os seus processos. Vejam bem! Ele faz até sugestões de como melhorar esse nefasto sistema que gera um Conselho Fantoche, em busca da justiça, para afastar tribunais de exceção e partidários.

Ou seja, Sarney escarrou na cara de cada brasileiro. Deixou bem claro que nesse país existe uma Constituição e uma lei para os cidadãos e outra para os políticos, pois a imparcialidade no julgamento, e até mesmo um julgamento, estaria a caminho para os políticos, mesmo após 20 anos de promulgação da Constituição.

Em um país de grandes provocadores, para o bem e para o mal, Sarney se mostrou o maior deles. Com vasta experiência em quase 55 anos de grandes provocações (foi eleito Deputado Federal em 1955).

E vejam só o que é destino. Sarney, ao completar tão gloriosa data, poderia perder o cargo, justamente, com base no artigo 55 da CF/88, conforme o próprio cita na sua coluna abaixo. Para os curiosos, segue o texto do artigo 55 da CF/88.

A meu ver, não precisaria de julgamento imparcial, partidário ou de exceção. No caso dele, era julgamento sumário!!

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Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
§ 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.



Adalberto

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JOSÉ SARNEY

Um passo necessário

NOS ÚLTIMOS debates sobre a crise no Senado, questionou-se a existência e o funcionamento de um Conselho de Ética que tem a atribuição de julgar os parlamentares pelos próprios parlamentares. O senador José Agripino levantou a tese, e ela é relevante. Tem aflorado algumas vezes, e muitos são os que dela discordam, como o próprio líder do DEM. A criação do Conselho de Ética é invenção recente, que não fazia parte de nossas casas parlamentares. Foi criado no Senado em 1993, pela resolução nº 20, e na Câmara dos Deputados em 2001, pela resolução nº 25. Não é uma norma de nosso direito constitucional. A nossa Constituição diz apenas que, quando "o procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar", perderá o mandato (artigo 55, parágrafo 2º) pelo voto secreto da maioria absoluta. Os conselhos de ética incorporaram procedimentos legais usados em órgão de processo penal e têm tudo de uma corte de instrução e julgamento. Ora, os "juízes" são os próprios parlamentares, por sua vez escolhidos pela composição dos partidos políticos, tornando-se assim um organismo julgador, sem as isenções de um juiz.Muitas vezes, os membros do Conselho de Ética se sentem desconfortáveis tendo de julgar os seus próprios colegas, numa violência à consciência ou às normas jurídicas. Transforma-se num tribunal partidário, em que cada partido tem que usar a norma de "ação versus reação". Tal procedimento é de uma democracia atrasada, em que o mandato popular fica sujeito ao humor e idiossincrasia do embate político. Ninguém se comporta como um juiz e ninguém é juiz. Cada um é um representante partidário que deseja a vitória do seu partido e não raras vezes quer a cabeça de um adversário. O resto a mídia se encarrega de fazer, também tomando partido e exigindo o voto, ameaçando da execração pública quem não se comportar de acordo com suas vontades e opiniões. A nossa Constituição, no artigo 52, inciso II, diz ser "competência privativa do Senado Federal [...] processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal". Já ao STF compete (artigo 102) "processar e julgar originariamente [...] os membros do Congresso Nacional". Ao Senado compete julgar os membros do Supremo, e a este, os membros do Senado. Nada mais justo, democrático e de respeito à soberania popular que o mandatário do povo, eleito pelo voto, tenha direito a um julgamento isento. Assim, na reforma política, deve ser estabelecida a extensão desta norma, de membros de um Poder julgarem os do outro, que leva a se fazer sempre justiça, e não como hoje um tribunal político, um tribunal de exceção, um tribunal político partidário, como são os conselhos de ética.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mulher de vidas

Mulher da vida
não a possui,
mas a vende.

A vida que a cada dia sonha em ser prazer
Só sonha e não muito...

A mulher da vida dá vida...
A mulher da vida que com vida dá vida...
A mulher da vida que convida para dar a vida.

Que chupa e tem o vigor chupado
.........................................(sífilis, aids ou gonorréia)

Mulher de vidas,
Mulher da vida escondida do marido,
Mulher da vida desconhecida pelo adolescente.

Mulher da vida.
Mulher de tantas vidas,
sem vida.

Mulher da vida,
que, graciosamente,
empresta algum prazer
a homens da (sem) vida.

Orfeu

Mercadante


Ele é/era lider do governo no Senado, mas vai deixar o cargo. Não concorda com o rumo que as coisas tomaram.


Só agora? A meu ver, o problema não está só no arquivamento das denúnias do Sarney. O problema existe desde a união com o PMDB, com o Sarney na presidência do Senado, para uma campanha presidencial que mina o pouco que sobrava do PT.


Deu no blog do Josias, o Mercadante ressaltou os êxitos atingidos pelo governo na área econômica e social (êxitos que não nego, mas tenho inúmeras e incontáveis ressalvas), contudo, ressaltou que o partido retrocedeu na parte política.


A pergunta que fica é: quando um partido governista retrocede dessa forma na área política, consegue continuar a progredir nas outras áreas?

Adalberto


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Marina, morena, não pinte esse rosto

Marina, você já é bonita


"Eu fiquei envergonhado, porque estamos dando as costas para a sociedade brasileira. Por isso vou buscar a possibilidade de sair do partido".

A frase é do senador paranaense e petista Flávio Arns. O motivo? A cúpula do Partido dos Trabalhadores resolveu manobrar pelo arquivamento das acusações contra o presidente do Senado, José Sarney.

Ontem o paulista Aloízio Mercadante ameaçou colocar o cargo de líder do PT no Senado à disposição, caso fosse obrigado pela cúpula do partido a manobrar pelo pobre judeu do Maranhão que tem um apartamentozinho de 85 metros quadrados em São Paulo. Hoje, isolado, Mercadante voltou atrás.

A senadora Marina Silva, do Acre, não voltou. Deixou hoje o PT, exatamente um ano, três meses e seis dias depois de pedir demissão do cargo de ministra do Meio Ambiente, que ocupou desde que Lula assumiu a presidência deste país, em 1° de janeiro de 2003.

Foram 30 anos no partido. O Ministério deixou por divergências com Reinhold Stephanes (Agricultura) e Dilma Rousseff (Casa Civil) -- provável adversária nas urnas em 2010. O PT deixa porque ainda tem coragem, marca do passado deste partido que tão bem fez ao país.

Me lembro quando criança de ir à escola com meus pais para votar. Em casa, ficava torcendo em frente à TV pelo candidato petista. Qualquer que fosse, não os conhecia, claro. Mas confiava nos meus pais. E era contagiante. Sair às ruas num domingo de eleição era como dia de final de campeonato. As pessoas levavam bandeiras, se vestiam de vermelho, entoavam cantos.

Quando fiz 16 anos, em 2000, tirei meu título de eleitor. Votei na Marta em São Paulo. Ela foi prefeita do ano seguinte até 2004. Em 2002, votei no Lula. Pé quente à beça! Fui à Paulista comemorar. A avenida mais paulistana de todas elas ficou vermelha, assim como ficava preta e branca nos títulos do Corinthians, verde nos do Palmeiras, e tricolor em preto, vermelho e branco nos do São Paulo.

Marcante. Todos cantavam, dançavam e sorriam, num êxtase coletivo. Alguns até choravam. Foi a primeira e única vez que vi um discurso do Lula. Acreditei em tudo aquilo. E era mesmo tudo verdadeiro.

Dois anos depois já não votava mais no PT em primeiro turno, só no segundo, adepto do tal voto útil.

Hoje, como o Arns, me sinto envergonhado. Não apenas, porém, pelo ocorrido nesta quarta-feira no Senado. É uma sucessão de fatos que me fizeram decidir por votar nulo. Agora, sempre. Até que apareça coisa melhor.

Minhas convicções não mudam. Continuo achando o Lula o melhor estadista de nossos tempos, o Sarney a grande representação do câncer político que deixa o Brasil na UTI “full time”, o tucanato a pior espécie de político da humanidade, e me indigno com quem vota em Democrata -- vulgo pefelista, arenista, como preferir.

Só que a capacidade do PT (aqui, evidentemente, se inclui o Lula) de “virar as costas pra sociedade brasileira”, se lixando para a opinião pública, tudo em prol de uma eleição, me cheira muito mais aquela vontade de se perpetuar no poder pelo simples fato de mandar, do que realmente querer ficar mais quatro anos no comando “pelo povo”.

A saída da Marina da legenda me entristece, assim como quando ela enviou a carta de demissão ao presidente Lula. E se torna um marco do meu “desligamento” do PT (em tempo: nunca fui afiliado a nenhum partido).

Sou fã desta mulher que leva consigo uma das características mais importantes do homem: a dignidade.









João Santos

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Imóveis do bigode

Estava trabalhando e me deparei com o dispositivo abaixo que prevê a isenção do IOF para o financiamento habitacional. Quem assinou o Decreto-Lei? Decreto-Lei, lembra? Na época em que o presidente legislava, opa, o presidente ainda legisla por meio de MP.

De qualquer forma, a caneta era a mesma, José Sarney. Vejam só. Ele pensava na habitação, como um problema a ser resolvido por meio de normas indutoras tributárias. Não amolem o bom velhinho. Ou será que, na época, algum dos seus filhos queria comprar imóveis?

Adalberto

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Decreto-lei nº 2.407, de 5 de janeiro de 1988
DOU de 6.1.1988
Dispõe sobre a isenção do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações relativas a Título de Valores Mobiliários (IOF) nas Operações de Financiamento relativas à habitação.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 55, item II, da Constituição.
DECRETA:
Art. 1º Ficam isentas do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e Valores Mobiliários (IOF) as operações de Crédito de fins habitacionais, inclusive as destinadas a infra-estrutra e saneamento básico relativos a programas ou projetos que tenham a mesma finalidade.
Art. 2º Este decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 5 de janeiro de 1988; 167º da Independência e 100º da República.
JOSÉ SARNEY

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mente flex

São 213 Km de metrô em Paris. Fantástico. Lindo. Sujo, em alguns momentos, mas super eficiente. Extenso.

São 60 Km de metrô em São Paulo. Tão eficiente quanto o de Paris, mas curto. Sim, além de curto, temos o problema da distribuição das linhas. Por serem curtas, as linhas se concentram na região central. Assim, o metrô não pode ser visto como uma alternativa hábil para contornar os problemas do trânsito de São Paulo, no curto prazo.

Entretanto, esquecendo por um instante, a fortuna que sairia para conseguir construir tanto metrô, aparelhar os ônibus e desenvolver mais corredores, mesmo assim, tendo a dizer que o transporte público está fadado ao fracasso em São Paulo e nesse país.

Um país que assiste um elogio aos automóveis desde a construção de sua capital! Construída para se andar de carro, o meio de transporte do futuro.

Uma paixão nacional, entre a bunda e o futebol. O automóvel. Com prazos generosos para sua compra (sessenta meses). Redução de impostos para uma indústria que só lucrou nos últimos anos, enquanto tantos outros setores da economia se afundam com a crise.

Assim, as pessoas compram automóveis por 30 mil ou 40 mil. Financiam em sessenta meses. O dinheiro que economizaram com a redução do IPI em breve será consumido pelo seguro, estacionamento, manutenção e IPVA.

Além disso, um dinheiro imobilizado em um mercado saturado. Os carros usados estão com os preços baixos, no chão, devido à crise, aos benefícios fiscais para indústria e pelo fato de o brasileiro ser uma besta apaixonada por carros.

Por favor, pensem nas bundas. Gastem o dinheiro com bundas, mas não coloquem um veículo a mais nas ruas dessa cidade.

Cada um precisa começar a pensar em que medida poderia abandonar seu carro, e não apenas no dia do rodízio.

Sim, pode parecer absurdo, mas é possível viver sem um carro, ou viver sem sonhar com um carro.

E não faço demagogia. Fui assaltado e estouraram meu carro em um poste há seis meses. Desde então, vivo sem carro. Muito bem.

Passei a ler muito mais. Com ônibus, e a pé, me viro. Sinto-me livre. A liberdade que as propagandas de carro transmitem, sabem? Eu sinto isso, hoje em dia, quando entro em um ônibus.

Podem pensar que enlouqueci. Podem achar que o discurso é besta e piegas, pois não leva em conta números, tecnologia inteligente em faróis, a quantidade de metrô que deveríamos construir e etc. Contudo, se enganam. Subestimam o valor que um carro tem no subconsciente do homem brasileiro.

Se o salário aumentar um pouco, ele financia um carro novo. Antes mesmo de comprar uma casa.

Errado? Não sei.

Quem sou eu para julgar as preferências e os vícios das outras pessoas? Mas, posso afirmar categoricamente, mesmo se tivéssemos a mesma quantidade de km de metrô que Paris, ainda assim, nosso trânsito seria caótico. Quem abriria mão de seu carro?

Aliás, isso eu digo não da minha cabeça. Senti tranqüilidade de escrever esse texto depois de ouvir essas mesmas idéias de três taxistas diferentes nas últimas duas semanas.

E como a mentalidade se aplica para todo o Brasil, assim como a redução do IPI, imagino que as vias estejam tão paradas quanto o Senado brasileiro, quero dizer, como as ruas de São Paulo.

Paremos para admirar a maravilha metálica. O futuro em quatro rodas. Objeto de consumo que não transporta mais nada, pois estamos imóveis.

Adalberto

Tetra

JUCA KFOURI

Cara de tetracampeonato
Ou de hepta. Pois a vitória tricolor fora de casa, no fim e com apenas nove em campo, é daquelas que fazem pensar
O EMPATE já estaria de bom tamanho para o São Paulo na Ilha do Retiro. Tinha feito um primeiro tempo melhor que o do Sport, tinha saído na frente, mas, de fato, no segundo tempo acabou dominado, pressionado, perdeu sua zaga com expulsões corretas e limitou-se a mandar uma bola na trave até sofrer o empate do desesperado lanterna do Campeonato Brasileiro. Com nove contra dez jogadores só mesmo um desarme como o feito por Junior César permitiria sonhar com algo mais. Mas seria preciso que o desarme fosse acompanhado por um complemento sensacional. E foi exatamente o que fez o ala, ao atravessar o campo de um lado ao outro e achar Hugo na hora e no lugar certos para ganhar o jogo: 2 a 1! Melhor jeito de acabar o turno era simplesmente impossível. Porque, na pior das hipóteses, com duas vitórias do Inter nos jogos que faltam aos gaúchos no primeiro turno, o São Paulo estará a seis pontos do líder. Na melhor, a apenas quatro, como está do Palmeiras. Palmeiras que foi o único a desmentir o colunista neste movimentado fim de semana. Porque o Inter, sem sofrer, o Goiás, com muita luta e um a menos em todo o segundo tempo no Serra Dourada, e o São Paulo, epicamente, fizeram a parte deles, além do Corinthians, que passou pelo Galo sem maiores problemas. Galo que saiu do G4, embora possa reocupar o lugar que o tri e hexacampeão brasileiro São Paulo lhe tomou se vencer o Inter na disputa que também lhe falta no primeiro turno, no Beira-Rio. O que, no entanto, talvez seja até melhor para o papão paulista, porque não permitirá que os colorados escapem da mira são-paulina ou, por outra perspectiva mais habitual ultimamente no futebol nacional, impedirá que os gaúchos vejam o time do Morumbi mais distante no retrovisor. Porque, se a solidez maior do tricolor assusta, a fragilidade da maioria dos times brasileiros é o maior alento para que o torcedor festeje a breve volta de Rogério Ceni e da pegada vencedora de um grupo acostumado a se dar bem, diferentemente da esmagadora maioria de seus adversários. Só mesmo o Inter, embora recentemente traumatizado pelo Corinthians e pela LDU, pode olhar para o São Paulo sem maior temor, embora ainda com reverência, porque está fresca a lembrança da vitória sobre o rival na Libertadores. Porque o Goiás jamais ganhou um Brasileirão, o Galo persegue o bicampeonato desde 1971 e o penta do Palmeiras é um sonho que está completando 15 longos anos de jejum. Se o Palmeiras conta com a sabedoria de Muricy Ramalho nessas horas, embora já contestado com sabor de amendoim, o Goiás ainda precisa amadurecer, e o Galo pode ter chegado ao seu nível de competência, porque é agora, no returno, que grupos velhos se cansam, novos balançam e os curtos se assustam sem reposição. Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo já jogaram a toalha, embora Ronaldo discorde de seu técnico e o santista se desminta. Sei não. Cheira tetracampeão.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rossi - Anda inspirado

Mais uma grande provocação

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CLÓVIS ROSSI

Yes, você pode. Quer?
SÃO PAULO - O jornal espanhol "El País" revisitou ontem Rahaf Harfoush, a moça canadense que foi uma das estrategistas da campanha na internet de Barack Obama, tida como a razão do sucesso.Suas observações são um valioso guia para os incontáveis leitores que reclamam por e-mail dos congressistas e pedem sugestões sobre como atuar para acabar com a pouca-vergonha.Harfoush ensina, primeiro, que "o importante é a estratégia, não a tecnologia". Acrescenta que "é fácil criar perfis, fazer amigos no Facebook ou ter blogs". Mas "o objetivo era que as pessoas saíssem às ruas e votassem. Se todo esse esforço na rede não se tivesse traduzido em votos, não teria valido de nada". É o que já escrevi aqui e digo sempre aos leitores: restringir protestos e ações à internet pode ser uma excelente maneira de acalmar a própria consciência e de sentir-se participante ativo, mas, como diz a perita da turma de Obama, "não vale nada". No caso brasileiro, o que vale é convencer os eleitores a não votar em todos aqueles que, a juízo de cada leitor/eleitor, participam da grande esculhambação. Não adianta também ficar no velho esquema de "nós com nós mesmos", uma característica da internet. Ou, em linguagem mais fina, pregar aos convertidos. É preciso inventar e, acima de tudo, pôr em prática um meio de atingir os eleitores dos políticos visados, a grande maioria dos quais não frequenta internet, Facebook, Orkut. Para fazer a campanha de Obama, Harfoush diz ter largado tudo -namorado, apartamento e emprego- para mudar-se para Chicago, que não é exatamente a mais agradável cidade do mundo, mas era o QG do candidato. Não recomendo a ninguém tanto sacrifício, mas, se a indignação que exalam nos e-mails é para valer, no mínimo terão que tirar o bumbum do sofá.

Angeli


Nosso maior provocador

De novo. Do nada para lugar algum. Tentativa de se defender e de defender a podridão do Senado com citações pomposas e descabidas. O Imortal, mas não único, pois a família é grande, Sarney.

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JOSÉ SARNEY

O mundo de ontem
STEFAN ZWEIG , um grande escritor austríaco, que teve muito prestígio na primeira metade do século passado e morreu tragicamente com sua mulher em Petrópolis, onde se refugiara durante a Segunda Guerra, cunhou a frase-título do seu livro "Brasil, um País do Futuro", que deu lugar a um ufanismo igual ao verde-amarelismo de Oswald de Andrade, carro chefe da Semana de Arte Moderna de 22.
Mas ele também escreveu um livro interessante (e, na minha geração, tínhamos de ler todos os seus livros) chamado "O Mundo de Ontem", uma autobiografia que não chegou a terminar. Não é um livro nostálgico, mas um testemunho da transformação da vida, da sociedade, da ciência e da política mundial.
Era um mundo sem barreiras, sem violência urbana, de "promenades solitaires" e de noites românticas.
Não se sabia o que viria em seguida, as guerras em 14 e 39.
Viver é ser testemunha dessas transformações, nessa quase loucura da história da humanidade em busca do crescimento, do consumo, da sublimação dos prazeres.
Eu, já com algumas décadas dessa graça da vida, posso também recordar, na área em que sempre vivi, as transformações, as condutas, os procedimentos, o comportamento da política de ontem e de hoje.
Machado de Assis, na crônica célebre sobre o Senado do Império, vê como em sonho a porta sendo fechada sobre as sombras, deslizando nos corredores dos personagens que tinham sido construtores do país, porque o Brasil, suas instituições, foram feitas pelos políticos e, sobretudo, pelo Parlamento.
Nada para entrar em pânico nem julgar a instituição maior da democracia, o coração do povo, que é o Parlamento, em seus momentos de crise -uma palavra grega, decisão, que não significava um problema em estado de ebulição-, quando a democracia se enfraquece. Não se pode julgar as instituições pela realização imperfeita dos seus valores, por aqueles que, imbuídos de individualismo e hipocrisia, vivem de atacá-la. Felizmente, a história não guarda o nome desses pessimistas, cassandras da maledicência e predadores da justiça.
Vivemos um tempo de mudanças, em que a composição do corpo político democratizou-se, saiu do círculo de fogo elitista das camadas mais privilegiadas e desceu às massas, a operários e trabalhadores, a líderes populares, que às vezes chocam pela formação de buscar objetivos mesmo com métodos heterodoxos. Mas é uma transformação que veio para ficar.
Isso faz com que os julgadores apressados julguem um retrocesso, mas não é, é um avanço social. Os avanços do mundo foram os momentos da construção de pontes para continuar caminhos. É essa ainda nossa tarefa, e não construir fossos para separar os homens entre uns condenados à perdição e outros à salvação.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Medidas reacionárias

O Marcelo Rubens Paiva abordou em seu blog as recentes medidas reacionárias do Serra e do Kassab. Temos a lei do psiu, fechamento de bares e puteiros e agora a nova lei que proíbe cigarros em lugares fechados.

Não sou totalmente contrário a lei do psiu ou a que proíbe os cigarros em lugares fechados, mas definitivamente, o conjunto da obra representa uma tentativa de moralização que passou dos limites.

Serra e o Kassab, o presente/herança que o vampirão deixou para os paulistanos, foram além da conta ao pensarem que podem regular a forma de viver e se divertir das pessoas. Não devemos aceitar que essas canetas limitem a nossa lascividade.

Aliás, cadê ela?

Quanto mais se mostra, mas escuto falar em Deus e casamentos, quanto mais bucetas na televisão, mais a sexualidade se afasta de nós.

Perdemos. A sexualidade foi corrompida e ficou conservadora, mercantilizada, banal.

Orfeu

domingo, 9 de agosto de 2009

O campeão chegou ao G4

Um jogaço nesse domingo. O São Paulo conseguiu uma ótima vitória por 3x1 que poderia ter tido um placar ainda mais elástico, caso as 3 bolas que caribaram o travessão tivessem entrado (Dagoberto, Jr. César e Richarlyson) e o juíz tivesse marcado um penâlti no Richarlyson.

O São Paulo jogou muito bem contra o Goiás. A sexta partida com bom futebol. São cinco vitórias. Hernanes voltou a jogar a bola que sabe, a zaga está sólida e os atacantes fazem gols. Além disso, o time está rápido e com ótima troca de passes.

Apesar disso, o São Paulo poderia ter sofrido o empate quando o Goiás marcou o seu gol, caso o juiz tivesse marcado um penâlti, simulado, contra o Tricolor

Acredito que o Ricardo Gomes conseguiu mudar a cara do time. Há três anos que o São Paulo não jogava com a bola no pé. O time dependia muito das bolas paradas e da zaga intransponível para vencer as partidas.

Hoje em dia, a equipe cria muitas oportunidades de gols com jogadas tabeladas pelas laterais. A Diretoria errou em demitir o Muricy, da forma que foi demitido. Por outro lado, o Ricardo Gomes monstrou que tem algo para contribuir para o São Paulo, com um novo jeito desse time jogar.

Agora falta ganhar do Palmeiras para entrar de forma definitiva na disputa do título. O São Paulo chegou ao G4 e demonstrou que tem futebol para ganhar o tetra.

Adalberto

sábado, 8 de agosto de 2009

Parei. Nojento

O Lula pressiona a CBF e o Ministro dos Esportes para trocar o calendário do futebol brasileiro, e adaptá-lo de acordo com o calendário europeu, depois que seu querido time foi desmontado.

O Ronaldo anunciou em rede nacional que o Lula ajuda o corinthians a conseguir contratos.

O Lula recebe o corinthians depois do título da Copa do Brasil, no meio da crise do Senado (que já se afundou na lama).

Agora, o presidente do corinthians vai se refiliar ao PT e fazer campanha para a Dilma. O que será utilizado como moeda de troca para o apoio? Seria o estádio do corinthians financiado pela União...

Parei. Nojento.

Orfeu
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Deu no blog do Juca a noticia abaixo
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Filiação, não! Refiliação!
Andrés Sanchez, o presidente corintiano, esclareceu agora mesmo na rádio Globo: ele está se refiliando amanhã ao PT.
Porque se filiou uma vez, em 1983, sem se desfiliar do PCdoB, seu primeiro partido, o que é irregular.
Mas deixou claro que não é candidato a nada.
Apenas fará a campanha de Dilma Roussef.

* Blog do Juca

terça-feira, 4 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Caeiro - Civilização e a máquina da felicidade

Alberto Caeiro

"Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as cousas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida A querer inventar a máquina de fazer felicidade!"

Pelo fim do voto obrigatório

Enquanto existir o voto obrigatório os políticos terão carreira.

Pelo fim do voto obrigatório. Abaixo ao político de carreira.

Antes da luta armada, a revolução na alma. Na alma de cada eleitor.

Pela luta contínua e despretensiosa na tentativa de nos tornarmos cada vez mais céticos do homem. Do político. E com relação a nós mesmos.

Orfeu

Laerte e o bigode