A cada dia escuto uma nova história. A última, uma amiga teve o carro baleado por um maluco na Vila Madalena, por nada, de graça.
Mais uma, lembrei que em minha bolsa assaltada estava uma caneta que meu pai me dera quando me formei. Valor sentimental. Já era, provalmente foi vendida por 20 ou trinta reais.
Adalberto
PASSO O PONTO
Há 4 anos
Altamente Estimado Adalberto,
ResponderExcluirEu também, há alguns anos, fui assaltado. Com ele - o assalto -, se foram minha pasta, meus livros e alguns pertences de valor sentimental.
A princípio, nutri um ódio mortal pelo ladrão. Afinal, na certa aquele canalha, ao constatar que a pasta estava unicamente preenchida por livros e, portanto, algo que ele não compreenderia o valor certamente, a descartou em alguma boca de lobo, latão de entulho ou coisa que o valha.
Mas, com o tempo, consegui abandonar esse ódio que consumia unicamente a mim. O crápula, com certeza, sequer lembrava daquele que, para ele, foi apenas mais um de seus assaltos bem sucedidos no mar da impunidade.
Os livros, eu recuperei nas livrarias. Meus bens de valor pessoal... Bom, eram apenas bens, coisas, sem vida. A memória que eles me traziam, contudo, permaneceu viva. Os prazeres que aqueles livros me trouxeram continuam a influenciar minh'alma.
Eu fui preservado - poderia muito bem ter encontrado meu fim naquele assalto pelas mãos de algum larápio iniciante - e, dessa forma, todo o sentido que aqueles bens tinham foi mantido.
Portanto, meu caro, deixando de lado as mazelas de nossa cidade, nossa sociedade, nossa condição humana etc, a vida deve continuar.
Posso te emprestar o meu Demian, se você quiser. Está em português, mas o livro é tão bom que vale recomeçar.
Abraço,
Eliseo "Ausente" Drummond
Eliseo,
ResponderExcluirAceito o livro. Quero terminá-lo. Obrigado pelas palavras e pela ajuda. O mais importante é continuar a vida, como você disse, sendo imprescindível a leitura de Demian.
Abs,
Adalberto