sábado, 26 de setembro de 2009

Politizou demais






O governo Lula teve conquistas, mas o preço foi alto.


Politizou demais.


A indicação do Toffoli é emblemática. Indicado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal ("STF") por ter sido advogado do PT.


Com apenas 41 anos, sem o menor preparo, chega ao tribunal máximo, que julga constitucionalidade de leis e atos. Absurdo. Foi indicado por mera conveniência, da pior maneira de se fazer política, de conchavos.


Um tribunal que já vai muito mal, ficará pior. E quem defende a indicação de Toffoli?


A raposa, o escroto, sucessor da podridão deixado pelo Nelson Jobim, que é o atual Ministro da Defesa do Lula, o Excelentíssimo Sr. Ministro Gilmar Mendes.


Outros temas demonstraram a politização nas medidas do governo, que não deveriam ter sido decididas da maneira que foram, sempre com um viês a esquerda, mesmo quando essa posição era inapropriada.


Battisti fica (me pergunto se fosse um ativista de extrema direita italiano, da mesma época, se o tratamento seria o mesmo). Os boxeadores cubanos vão. Agora, Zelaya na embaixada brasileira.


O elogio da ignorância que Lula prega, nunca me incomodou (confesso que o exagero desse discurso começou a me irritar nas últimas semanas). Aliás, sempre achei um nojo aqueles que o inferiorizavam pela ausência de curso superior.


Contudo, na virada de seu mandato, chego à conclusão que lhe faltou base, não política, nem ideológica, mas lhe faltou base ética e conteúdo para iniciar as mudanças necessárias para um Brasil democrático.


Ele tinha força política suficiente para fazer muito mais, e diferente, do que fez. Termina seu mandato apertando a mão do Sarney e apoiando o Zelaya, juro que não entendo aonde essa "esquerda" quer chegar.


Talvez, só não queiram sair do poder....


Adalberto



_______________________________________




Honduras, funduras - Alberto Dines




O nome viria das águas profundas da costa caribenha ou, mais provavelmente, do sistema de vales e montanhas onde o país se derrama. De qualquer forma, hondura em espanhol é profundidade, fundura, e no dicionário diplomático interamericano corre o risco de converter-se em sinônimo de um grande buraco.

A mais recente evidência deste perigoso poço onde podem despencar prestígios e tradições é o pedido do governo brasileiro à Espanha para intermediar a crise iniciada com o refúgio do presidente deposto, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira de Tegucigalpa.

O Brasil entrega, assim, a honrosa posição de possível árbitro entre o governo de facto e o governo de jure que dividem Honduras, para tornar-se uma das partes do conflito. Há dias era cortejado pelos adversários, agora inapelavelmente envolvido, é obrigado a apelar à ONU para que a sua embaixada e, portanto, a sua soberania sejam respeitadas pela truculência dos gorilas que se abancaram no poder.

Nosso status no episódio mudou para pior. E, mais uma vez, por artes deste incansável estróina e trapalhão chamado Hugo Chávez, cuja compulsão de vangloriar-se o levou a assumir publicamente a responsabilidade pela transferência do presidente deposto para o seu país.
Zelaya, por sua vez, contagiado pelo parceiro ou também vocacionado para a fanfarronice, admitiu que a busca de abrigo em nossa embaixada na capital hondurenha era do conhecimento do governo Lula.
O Brasil consolidava-se como uma alternativa responsável à parlapatice chavista e agora entra na história como parceiro de mais um fiasco do dirigente venezuelano. Novamente a pressa, outra vez a afobação. Esta ansiedade para agarrar todas as oportunidades denota antes de tudo a ausência de um master-plan, fragilidade estratégica. Todos querem chutar em gol, mas a bola é uma só.

O veemente apelo para o fim do embargo a Cuba no privilegiado pódio da Assembleia Geral da ONU em Nova York, dias depois, ficou prejudicado pela esdrúxula e inconfortável reversão em nossa posição. Agora, somos nós a angariar simpatias e apoios em causa própria.

Como observou o analista Caio Blinder, agora “o cara” é Obama. Não será o presidente Sarkozy quem poderá obrigar Roberto Micheletti, presidente em exercício de Honduras, a interromper o cerco à embaixada brasileira. Nem José Luiz Zapatero, presidente do conselho da Espanha, a quem apelamos para mediar a crise.

O presidente Lula embarcou para os EUA preparado para colher triunfos e pode regressar de mãos abanando. Ou, pior, obrigado a agradecer a solidariedade norte-americana e o apoio recebido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Acossado por seus demônios íntimos e pelos que continuamente desperta à sua volta, o presidente Hugo Chávez não pode parar, necessita manter-se nas manchetes. Acrobata – apesar do peso – não consegue reprimir-se diante de um trapézio. Sente-se obrigado a dar o salto mortal.

O presidente Lula, ao contrário, é um hábil sobrevivente. Sempre soube preservar-se, expert em evitar desafios inúteis. Não havia motivos para esta aceleração. Tudo o favorecia tanto no plano econômico – crucial – como de prestígio internacional. As dificuldades preliminares na corrida eleitoral seriam facilmente contornadas se a equipe palaciana não abrisse tantas frentes simultâneas e acionasse tantos alarmes emergenciais. Agora, novas pressões serão inevitáveis. Lula será cobrado e Lula não gosta de ser cobrado.

A pequena e distante Honduras, quem diria, vai entrar em nossa história.

Um comentário:

  1. Adalberto, algumas considerações:

    Não posso comentar sobre o Toffoli, considerando que não sei quem é. Mas se o chefe do Executivo tem o direito de indicar ministros do Supremo, a coisa já é politizada. E entra naquilo que eu sempre digo: o Executivo manda. No caso do STF, indiretamente (pelo menos às claras). Mas dou outro exemplo, mais direto. Ontem mesmo foi aprovada a lei da chamada mini reforma eleitoral. O presidente vetou pontos do texto que passou pelo Legislativo. E assim será a lei. Acho estranho.

    Outra coisa: as medidas do governo, com viés de esquerda, não poderiam ser diferente (claro que poderiam, entenda o que estou dizendo), considerando que o governo é de esquerda.

    Sobre o Battisti, se pergunte também: se fosse de extrema direita, teria sido condenado na Itália? (aliás, minha revista sumiu!!)

    Agora, uma dúvida: não entendi o que quis dizer com "elogio da ignorância que Lula prega".

    E, para finalizar, sobre o texto do Alberto Dines (?), que, aliás, gostei: eu não acredito nessa força toda do Hugo Chávez. É aquele cão que ladra mas não morde. Claro que fora da insignificante Venezuela. Lá dentro ele é o cara. Uns amam, outros odeiam.

    Abraço,

    João Santos

    ResponderExcluir