quarta-feira, 24 de junho de 2009

Impressionante

Me impressiona a capacidade que as pessoas têm de mudar a opinião sobre algo em apenas “um frame”. Dois, ou três, talvez.

Como uma coisa pode ser tão boa agora e no quadro seguinte, do mesmo filme, ser tão ruim? Ou pior. Como uma coisa pode ser tão ruim e no quadro seguinte, nem tão ruim assim?

Quem afundou o Vasco, o Corinthians, o Palmeiras? Eurico, Dualib, Mustafá? Não? O Juvenal Juvêncio vai afundar o São Paulo?

Me impressiona também a capacidade das pessoas de se comoverem com o que nada tem a ver com elas.

Por que sair em defesa ou ao ataque de qualquer uma das partes na guerra política no Irã? Vejo muita gente não entendendo absolutamente bulhufas do que está acontecendo naquele país, e dando palpite a torto e a direita sobre a questão.

Muitos se apegam ao fato de que “desde 1979, na Revolução Islâmica, não há uma comoção popular tão grande naquele país”. Daí acham que devem sair em defesa “daquele povo sofrido” e vestir o verde (cor do Islã!!!). E adotam a versão americana mesquinha do fato: o Mahmoud Ahmadinejad (assim como Kim Jong-il, Hugo Chávez etc) é um terrorista em potencial. Uuuu, que medo!

Dane-se a demissão do Muricy do São Paulo! Dane-se que fraudaram a eleição no Irã!

O Brasil vive o momento mais tenso desde que o Collor foi presidente deste país. A cada frame do filme de terror do Senado, uma mensagem: você é um otário!

Os senadores gargalham em seus castelos, regados a cabernets sauvignons e água Perrier, servidos pelo mordomo da família.

E nós preocupados com futebol. Ou com o umbigo dos outros. É isso o que realmente impressiona.


João Santos

Um comentário:

  1. John Fish,

    Eu concordo com você, em certa medida. Eu iria um pouco além: quem se importa com qualquer coisa? Eu digo: foda-se também a crise do Senado. Nada que não tenha acontecido desde os tempos da Monarquia; quiça no Brasil Colônia até. Sempre haverá relações de interesse junto ao Poder. A corrupção é uma variável inevitável no Poder, em maior ou menor escala. Repito que devemos nos preocupar com aquilo que realmente nos afeta diariamente, que são nossas questões existenciais. O sofrimento diário. O vazio que nos envolve, que nos preenche. A fome pelo novo e pelo desconhecido, pelo inexplorado. Não quero saber do Muricy, do Irã ou do Senado enquanto existem outras questões mais gritantes. Em alguns meses, o Muricy será contratado por algum clube para ganhar milhões. O Irã encontrará a paz, de uma forma ou de outra. Problema deles. O Senado, como sempre, continuará corrupto. Aquele local é a sede do Império do Médio. Brasília é a sede. Era preciso um estudo antropológico/arqueológico naquele lugar, na certeza de que o elo perdido entre o homem e o macaco será encontrado naqueles corredores, vestindo um terno Armani, teorizando sobre a reforma política e fiscal.

    Por outro lado, o blog é do debate; é da provocação. Não podemos querer ser definitivos em relação aos assuntos aqui trazidos. Ainda que eu discorde remotamente dos conteúdos (eu e minha viagem existencial), não escapo de participar dos debates, que normalmente envolvem a característica surrealista daquilo que é chamado de "real" - e, por isso, me interessa.

    Nos mais, que as provocações continuem.

    Eliseu "Luther King" Drummond

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