segunda-feira, 29 de junho de 2009

Vergão avermelhado, tapa

Após mais uma festa familiar, agradável. Mais uma homenagem à Vó e seus 92 anos. Sarrista, não confia em ninguém que não beba cerveja ou cachaça. No restaurante, pede caipirinha sem gelo, pois não gosta de ser enganada.

Agregados se eforçam para agradar e efetivamente criarem laços familiares, menos os mais velhos que já perceberam que não tem nada que ver com aquela família e suas comidas. Muitas comidas. Churrasqueiras acesas. Uma com frango e outra com a picanha. Começam a sair alguns provolones assados.

Sirvo as visitas, familiares e agregados. Um deles, mala, acabou de ser pai. Bruto e machista, já criou inúmeros atritos na família. Não faz muita questão de ser politicamente correto, prefere defender sua honra de macho, sempre.

Uma piada de mala justamente contra outro agregado, e este sem muita paciência e pouco preocupado com as conseqüências, acerta um tapa estalado na orelha do mala caipira. O tio gira no ar, desequilibrado. Ao ver a feição de todos não sabe como reagir, continua a preparar as carnes e decreta que havia avisado que tinha acordado irritado naquele dia.

Ninguém entende nada. O mala merecia, mas assim, por causa de uma piada tão infâme sobre a qualidade do churrasco. Bom, para males e para bem, a tensão está instalada.

Após verificar o vergão avermelhado no banheiro, o machinho, que não se sabe como ficou quieto até então, começa a estufar o peito e agride verbalmente. Pedidos tímidos de desculpas são ouvidos e a exaltação. Família.

Um tapa que cada um gostaria de dar, quando foge do controle, mas poucos, infelizmente, tem a coragem de quebrar as regras do convívio social. Poucos são sinceros.

Adalberto Pereira

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