sexta-feira, 19 de junho de 2009

Irã

Fraudes em eleições não são de hoje e ocorrem em regimes democráticos ou psedo-democráticos, no Irã, no Brasil e nos EUA. Ocorrem.

Acredito que se há pressão poupular para apurar esse tipo de situação, mas não existe como apurá-la, pois o Aiatolá manda e exerce a soberania, temos antes de uma fraude, um problema de representatividade. Uma parte considerável da poupolação do Irã, que protestou, encontra-se sem representatividade no governo.

Não tenho dúvida de que as eleições não foram limpas. Ditaduras, poder, sempre foi assim e sempre será. Lá ou aqui. A chamada democracia americana foi vendida aos quatros cantos do mundo como se vendeu o consenso de Washington com o neoliberalismo, faça o que eu digo, eu faço o que quero. Podemos berrar. Escrever frases de efeito em blogs, protestar, mas os pilantras continuam lá. Falta representatividade nos governos, pois eles vestem, juridicamente, uma formalidade democrática.

Adalberto Pereira

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CLÓVIS ROSSI

Menos, Lula, menos
SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vez em quando ironiza os que ironizavam seus tropeços com o português.Lembra que, antes de ser presidente, dizia "menas"; agora, vez por outra, tasca um "sine qua non". Parabéns, presidente, pela evolução.Mas agora é hora de reaprender a falar "menas". A ser menos boquirroto, quero dizer. Presidente não é comentarista de política interna ou externa para ficar dando palpite em tudo, inclusive sobre o que não tem informações.Refiro-me ao caso das eleições no Irã. Lula não tem elementos para avalizar ou condenar os resultados.Não houve observadores internacionais que pudessem referendar a vitória do presidente Ahmadinejad ou gritar "fraude".Ao falar sobre o que não sabe, o presidente está sendo leviano e dando demonstrações seguidas de desinformação.Primeiro, disse que só os perdedores protestaram. Falso. Os governos da França e da Alemanha chamaram os embaixadores do Irã em suas respectivas capitais para pedir explicações.Depois, disse que a percentagem de votos atribuída a Ahmadinejad (cerca de 60%) é muita para que tenha havido fraude. Bobagem. Ditaduras não tem escrúpulos. Só um exemplo: o paraguaio Alfredo Stroessner elegia-se sucessivamente com percentagens próximas de 90% -e os hoje petistas e seus amigos paraguaios gritavam fraude sucessivamente.Até o Conselho dos Guardiães, a linha dura da linha dura, viu-se obrigado a convocar uma reunião com os candidatos destinada a discutir as acusações de fraude. Quando o coração do regime hesita, Lula revela-se mais aiatolá do que os aiatolás. Sem necessidade, porque, como ninguém sabe se houve ou não irregularidades, o mais elementar bom senso sugeriria silêncio a qualquer chefe de governo até desfazer as brumas.

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